Chuva de Meteoros das Quadrântidas
Foto tirada no OLA com uma cannon EOS 6D
O que são as Quadrântidas?
Todos os anos, entre finais de dezembro e meados de janeiro o nosso planeta Terra intercepta uma região da órbita populada por vários detritos espaciais. Ao contrário de outros eventos de chuvas de meteoros, cujos meteoroides proveêm de ejeções de cometas, as Quandrântidas estão associadas à orbita do asteróide 2003 EH1.
O nome Quandrântidas deriva de uma constelação obsoleta, Quadrans Muralis, criada pelo Astrónomo Jerome Lalande em 1795. A primeira observação desta chuva de meteoros data a 1825, ao contrário de outras chuvas de meteoros, como por exemplo as Líridas e Leónidas cujas observações datam séculos.
As Quadrântidas em 2025
As Quadrântidas são visíveis entre finais de dezembro e meados de janeiro com o pico na noite de 2 para 3 de janeiro. O radiante na constelação do boieiro torna a observação de muitos eventos fácil, isto porque, o radiante trânsita o meridiano perto das 21h00 da noite a uma altura de 79º.
Referência: Meteor Showers 2024 – 2025 – American Meteor Society (amsmeteors.org), actualizados a 01/10/2024
O valor ZHR corresponde a “Zenith Hourly Rate” que estima o número de eventos que um observador pode observar por hora num céu escuro, sem lua com o radiante no zénite.
O que é o asteróide 2003 EH1?
O asteróide for descoberto a 6 de março de 2003 pelo telescópio LONEOS – Lowell Observatóry Near-Earth Object Search. Pouco tempo depois, em janeiro de 2004, num artigo publicado por Peter Jenniskens, foi apresentada a ligação entre a chuva de meteoros e os detritos do asteróide.
Trata-se de um “Near Earth Asteroid” do grupo Amor, que inclui mais de 11.000 corpos, caracterizados por órbitas que se aproximam da Terra mas que não intersectam directamente a sua órbita.
Elementos órbitais
Referência: Base de dados da NASA-JPL (JPL Solar System Dynamics (nasa.gov)), actualizados a 30/09/2024.
Os detritos
Até meados do século IX, a órbita da Terra não interceptava o o fluxo de detritos devido a perturbações causadas por Júpiter nas suas órbitas. Estudos feitos ao longo dos anos oitenta e noventa demonstraram que a órbita dos detritos pode sofrer grandes alterações ao longo de um intervalo de mil anos, desta forma dando explicação há inexistência de observações de chuvas de meteoros associados às Quadrântidas antes do século IX. Porém, segundo um estudo publicado em 2005 por Wiegert & Brown, é possível que o elevado fluxo que observamos hoje tenha uma origem mais recente, na ordem de alguns séculos no passado. Torna-se então possível que o fluxo de detritos das Quadrântidas tenha duas componentes destintas, uma componente mais antiga acomulada ao longo de um longo periodo de tempo e uma outra componente composta por material ejectado e colocado recentemente na órbita.
Já houve várias propostas para explicar a origem dos detritos, uma delas, publicada por Hasegawa em 1979 que propôs o cometa C/1490 Y1. Estudos da órbita deste cometa feitos por Williams & Wu demonstraram a possibilidade deste cometa, em meados século XVII ter feito uma passagem próxima de Júpiter.
Outra proposta para a origem dos detritos foi o cometa 96P/Machholz feita por McIntosh em 1990. Em 2004, com a descoberta do asteróide 2003EH1 e a associação da sua órbita à órbita dos detritos, colocou-se a possibilidade do asteróide ser um fragmento do cometa C/1490Y1. Em 2004, Williams et al., propôs a possibilidade de ambos cometa C/1490 Y1 e o asteróide 2003 EH1 serem ambos fragmentos do cometa 96P/Machholz. Em 2013 Jopek & Williams, propuseram que a componente antiga das Quadrântidas surge de actividade do cometa 96P/Machholz enquanto que a componente mais recente surge da fragmentação deste cometa que consequentemente gerou o asteróide 2003 EH1. Este cenário, foi validado num artigo publicado em 2016 por P. B. Babadzhanov et al após cuidada análise das órbitas do cometa 96P/Machholz, do asteróide 2003 EH1 e dos detritos.
Referência: Global Meteor Network. Dados das Quadrântidas de 2022,2023 e 2024. Publicados a 8 de abril de 2024.
O ZHR das Quadrântidas apresenta um aumento gradual até ao pico de intensidade e um descréscimo mais lento nos dias seguintes.
Como e quando observar as Quadrântidas no OLA em 2025?
O ano arranca logo com um dos melhores espectáculos de meteoros do ano e em 2025 temos o previlégio de apanhar a Lua ainda jovem e a pôr-se volta das 20h. Ou seja, radiante atingirá o seu ponto mais alto às 21h00, já sem Lua no céu o que vai permitir um céu escuro com máximo contraste. As Quadrântidas destinguem-se por uma elevada probabilidade de bólides, meteoros que ficam tão incandescentes que se assemelham a bolas de fogo no céu.
O maior inimigo será sempre a meteorologia.
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Recomendamos a noite de 2 para 3. A segunda sessão da noite será sempre a melhor.
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As noites de 3 e 4 de janeiro também são boas alternativas.
Pode consultar a nossa página de Observação Astronómica para mais informações.